Ontem fui levar-te flores....era dia da Mulher e se há "Mulheres" tu és a maior delas. Já se passaram treze anos e sinto uma enorme saudade de ti,que tão suavemente me chamavas "minha Ziza da avó...minha menina", este cantinho é todo ele te dedicado, não me ocorre outro nome que me poderia identificar melhor.
Foste tu que me ensinas-te a andar, pegaste-me na mão... desajeitadamente e aos tropeços dei os primeiros passos. Desviavas todos os obstáculos para que não caísse e dizias-me que não fosse por ali ou por acolá, os perigos espreitavam.
Comecei a andar sozinha, sabia que por detrás havia sempre uma mão estendida e isso dava-me uma segurança, que me fazia confiar e acreditar que estarias sempre por ali.
Mais tarde ensinaste-me a cuidar de mim e fizeste-me entender que deveria respeitar os outros, que devia estudar, cumprir todas as tarefas que iriam contribuir para que conseguisse tornar-me numa pessoa de quem te pudesses orgulhar mais tarde.
Veio a escola, a professora, os colegas...aprendi a ler, a escrever, a brincar, a partilhar...
Durante muitos anos aprendi aquilo que quiseste ou quiseram que eu soubesse, mas...o que nunca me ensinaste, foi como devia fazer para aprender a conviver com o sofrimento, com a dor , com a perda, com as ausências, com a saudade, com a mentira, com a traição, com a injustiça...
Não me ensinaste a descobrir quando me devia afastar de pessoas, que nunca me dariam motivos para sorrir.
Nunca me ensinaste a não amar quem não me ama, hoje tento amar mesmo sem ser amada, fazendo o meu exercício quotidiano para que consiga amar incondicionalmente.
Não me ensinaste a erguer depois da desilusão, a esquecer quem nunca se lembrou de mim, a perdoar erros irreparáveis, a esquecer mágoas, a conviver com a solidão imposta, a defender-me de agressões emocionais, a evitar a invasão do que melhor penso possuir, a minha identidade, o meu "EU".a minha auto estima e o respeito que tenho por mim.
Não me ensinaste como sobreviver depois de uma tempestade, nem sequer me disseste onde devia procurar refúgio, escondeste, não acredito que tenha sido de propósito, que o mundo que me mostravas era muito diferente daquele que iria encontrar um dia.
Se ao menos eu sentisse que quando estivesse em perigo tinha braços abertos para me ampararem! Mas tu já não estás sempre de mão estendida.
Hoje não te tenho avó, nem tudo o que não me ensinaste, vou aprendendo, muitas vezes da pior forma, contudo, ainda me resta o melhor... A VIDA.